segunda-feira, 2 de julho de 2012

A MELHOR BANDA DO MUNDO - TRECHO

1. Hora do almoço

Assim que desceu da van, Ana Gabriela correu até a entrada do prédio e foi logo empurrando a grade do portão. Fechado, obviamente. Respirou fundo, soltando o ar de uma só vez, numa clara mistura de frustração e impaciência, e em seguida olhou a janela por onde era possível avistar o seu Nílson. Justamente naquela hora, o porteiro resolveu falar ao telefone e não prestar atenção em mais nada que estivesse acontecendo do lado de fora. Incrível.
– Ô seu Nílson!
Ao ouvir seu nome, o senhor de barba bem feita, rosto magro, testa comprida com duas belas entradas devido a uma calvície que começara cedo, afastou-se um pouco do aparelho e deu uma espiada. Sorriu, simpático.
– Oi, Ana!
– Abre logo, seu Nílson! Tô com pressa!
Ele fez um sinal com a cabeça e apertou o botão.
– Finalmente!
Ana Gabriela subiu os degraus de dois em dois. Ao passar pelo porteiro, disse um obrigada corrido, com os mesmos passos largos de quem está perdendo a hora ou algo semelhante. Seu Nílson desligou o telefone e respondeu com um grito:
– De nada!
Mas Ana Gabriela nem ouviu. Já estava dentro do elevador, fuçando na bolsa à procura da chave. Seu Nílson não conseguia entender como essa gente podia viver correndo o tempo todo. Pelo jeito, isso começava cedo. O porteiro balançou a cabeça de um lado para outro e voltou ao seu serviço.
Quando chegou ao terceiro andar, Ana Gabriela abriu a porta de seu apartamento no exato instante em que dona Lila abria a porta do dela. Que coincidência. Mais fora de hora.
– Oi, Ana!
Com a mão ainda grudada na maçaneta, a garota piscou os olhos devagar, deu um suspiro, e só então olhou para a vizinha que, aparentemente, encontrava-se de saída. Será que todo mundo tinha resolvido atrasá-la nesse dia? Justo nesse dia que estava mais do que ansiosa para chegar em casa?
– Oi.
– Tudo bem com você?
Num movimento rápido com a cabeça, a voz saindo sem muito disfarce, ela foi dizendo que sim, tudo bem. Não era um momento muito apropriado para ficar batendo papo. Pena que a dona Lila não percebeu.

Um comentário:

  1. oi meninas alguem tem este livro em e-book. bjos sil.s.lima@gmail.com. Silvania

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