Lia sentiu-se a pessoa mais estranha
do mundo. Desceu do carro estacionado em frente à casa amarela de portão branco
e mudou apenas dois ou três passos, sem a menor pressa de avançar um pouco mais.
Deu uma longa espiada ao redor, até onde a vista alcançava. Tinha o olhar
arisco de um pássaro assustado, uma estranheza que lhe pesava o corpo, um
descontentamento. O que viria pela frente? O que poderia vir?
João Carlos e Maria Tereza retiravam a bagagem do porta-malas, entusiasmados. Tanto, que mal paravam de falar, uma tagarelice. Lia mirou os dois por um momento, grudou os olhos naquela alegria que não era sua, só deles. Será que a enxergavam?
João Carlos e Maria Tereza retiravam a bagagem do porta-malas, entusiasmados. Tanto, que mal paravam de falar, uma tagarelice. Lia mirou os dois por um momento, grudou os olhos naquela alegria que não era sua, só deles. Será que a enxergavam?
A garota baixou a cabeça, agora
prestando atenção em si mesma. Subiu um dos braços que estavam junto ao corpo
e, lentamente, foi passando a mão pela barriga algumas vezes.
De novo isso?,
pensou.
Então foi ficando irritada, nervosa e
de mau-humor, tudo ao mesmo tempo, porque por mais que tentasse, por mais que
quebrasse a cabeça de tanto pensar, não conseguia compreender absolutamente
nada. Desconfio que era o tipo da pessoa que detestava não compreender direito
as coisas.
Levou um susto ao ouvir o barulho do
porta-malas se fechando. Estava tão distraída tentando entender o que é que essas coisas esquisitas estão
fazendo dentro de mim, droga!?, que aquele baque fez seu corpo estremecer.
Lia virou de lado. O pai e a mãe vindo em sua direção. Equilibrando bolsas, malas, travesseiros.
Lia virou de lado. O pai e a mãe vindo em sua direção. Equilibrando bolsas, malas, travesseiros.
- Vem logo, Lia! – chamou Maria Tereza ao se aproximar. – Está esperando o quê? Anda.
Um carro passou. Uma bicicleta. Um menino a pé.
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