Natural de Americana, interior de São Paulo, e formada em Letras, Tânia Alexandre Martinelli lecionou Português por 18 anos e agora dedica-se integralmente à literatura, escrevendo e fazendo palestras a alunos e professores. Confira abaixo um bate-papo com a autora.
Há mais de 10 anos, você dedica o seu tempo a escrever ao publico juvenil e infantil. Como você avalia a sua carreira?
Escrever faz parte da minha vida desde a adolescência. Naquela época, eu mergulhava nos poemas como uma forma de extravasar meus sentimentos, minhas angústias, meus ideais. Cheguei a ganhar alguns concursos, tive alguns dos poemas publicados. Lecionar para adolescentes fez a minha escrita seguir outro caminho. Fui vendo o quanto era maravilhoso escrever para esse público, fui sentindo um prazer imenso. E me apaixonei. Passaram-se alguns anos entre escrever a primeira história e publicar o primeiro livro, o que ocorreu em 1998. Claro que não foi fácil, mas eu sempre pensava que, se escrever era o que eu mais gostava de fazer na vida, eu nunca poderia desistir. Mesmo quando eu quis desistir, não consegui. Quem gosta de escrever tem uma necessidade inexplicável de fazê-lo, sei que há leitores que entendem bem o que eu digo. Hoje, com mais de 20 obras publicadas, meu trabalho é exclusivamente voltado à literatura. E não vejo, nem por um momento, a minha vida sem ela.
Como é o seu contato com os leitores?
O meu contato com os leitores ocorre através dos e-mails que recebo, dos recados deixados no meu blog e também pessoalmente, quando visito as escolas, converso com eles sobre meus livros, dou autógrafos. De todas as formas é sempre muito bom. Esses momentos são importantes para eu saber o que o público tem pensado a respeito das minhas histórias. Não raras vezes, acabo partindo desses encontros com novas ideias na cabeça.
Como você vê o futuro do público leitor?
Os leitores de hoje não são os mesmos leitores de ontem. O mundo é outro, com novos problemas, novas tecnologias, novos jeitos de pensar. Hoje, o adolescente é ligado em várias coisas ao mesmo tempo, tem informações vindas de todas as partes, e acredito que o livro também precisa ter algumas características que venham ao encontro do que ele busca. Sempre que vou escrever um livro penso: contar uma boa história é importante, mas a maneira como contá-la é essencial para chamar a atenção do leitor, prendê-lo do começo ao fim. O livro concorre com outras atividades muito atrativas para o adolescente, tão acostumado às novidades virtuais. Acima de tudo, ele precisa ter vontade de continuar a leitura e não largá-la algumas páginas depois do início. É um desafio que me coloco a cada nova história. Algumas mudanças ainda devem ocorrer no futuro, em relação à vinda do livro digital. Mas por tudo o que ela é, por tudo o que ela traz, a leitura sempre, sempre fará parte da vida de uma pessoa.
Um dos temas que, infelizmente, ganhou espaço nos últimos anos virou inspiração para uma grande obra, Perseguição, que retrata o bullying escolar. Como surgiu esse tema?
Todos os temas surgem porque de alguma forma mexeram com a minha emoção e sensibilidade. Leio, observo, sinto. Falar sobre certos assuntos é também um meio de protestar contra o que há de errado e injusto. Há alguns anos, durante uma palestra, ouvi de uma professora a sugestão desse tema. Então, comecei a ler para entender um pouco mais sobre a dinâmica que envolve o bullying. Enquanto me aprofundava no assunto, Malu e Leo iam nascendo, tornando-se muito mais do que personagens para mim. Pela resposta que tenho recebido, vejo que os leitores também sentem assim. Malu e Leo são espelhos das pessoas que já passaram e ainda passam pelas situações de violência, humilhação, exclusão. E nos fazem pensar.
Qual a importância do incentivo à leitura?
O incentivo à leitura, tanto na escola quanto em casa, é fundamental para que crianças e adolescentes se tornem adultos leitores. Não há como tornar-se um leitor maduro sem esse estímulo desde a infância, antes mesmo da idade escolar. Os pais são os primeiros motivadores. A leitura leva a pessoa a pensar melhor, a expressar-se com clareza, a verbalizar os sentimentos, a criar situações e a vivenciar experiências que, certamente, trará para sua vida pessoal. Quantos e-mails recebo de leitores dizendo que este ou aquele livro ajudou-os a refletir sobre seus sentimentos ou atitudes? Que também tinham passado pela mesma situação, que a personagem era incrível e como se sentiram da mesma maneira? “Eu me vi na história”, eles dizem. A literatura tem esse poder maravilhoso de transformar, de enriquecer com novas experiências e proporcionar um maior entendimento sobre nós mesmos. Quando lemos, compreendemos melhor a vida.
Palavras do autor (um recado para os leitores / professores).
Quase sempre, nas escolas que visito, surge um leitor me contando que também escreve. “Verdade?”, eu pergunto. “E o que você escreve?” As respostas variam. Alguns escrevem poemas; outros, histórias de aventura, terror, romance… e por aí vai. Um dia, eu ouvi de um garoto: “Estou em dúvida se quero ser escritor ou ator”. Eu disse: “Quem sabe também um diretor de teatro? Pensou, você escrevendo suas próprias peças?” Ele fez uma cara de quem pensou: “É, pode ser…”. Às vezes, ninguém fala nada. Mas eu vejo. Os olhos brilhando de quem gosta de escrever. Conheço esse olhar. Então, puxo conversa, conto coisas, incentivo. Talvez o meu papel nesses encontros seja esse também: colocar no outro a confiança de que ele pode ser tudo o que quiser. O que sonhar.
www.taniamartinelli.blogspot.com
Há mais de 10 anos, você dedica o seu tempo a escrever ao publico juvenil e infantil. Como você avalia a sua carreira?
Escrever faz parte da minha vida desde a adolescência. Naquela época, eu mergulhava nos poemas como uma forma de extravasar meus sentimentos, minhas angústias, meus ideais. Cheguei a ganhar alguns concursos, tive alguns dos poemas publicados. Lecionar para adolescentes fez a minha escrita seguir outro caminho. Fui vendo o quanto era maravilhoso escrever para esse público, fui sentindo um prazer imenso. E me apaixonei. Passaram-se alguns anos entre escrever a primeira história e publicar o primeiro livro, o que ocorreu em 1998. Claro que não foi fácil, mas eu sempre pensava que, se escrever era o que eu mais gostava de fazer na vida, eu nunca poderia desistir. Mesmo quando eu quis desistir, não consegui. Quem gosta de escrever tem uma necessidade inexplicável de fazê-lo, sei que há leitores que entendem bem o que eu digo. Hoje, com mais de 20 obras publicadas, meu trabalho é exclusivamente voltado à literatura. E não vejo, nem por um momento, a minha vida sem ela.
Como é o seu contato com os leitores?
O meu contato com os leitores ocorre através dos e-mails que recebo, dos recados deixados no meu blog e também pessoalmente, quando visito as escolas, converso com eles sobre meus livros, dou autógrafos. De todas as formas é sempre muito bom. Esses momentos são importantes para eu saber o que o público tem pensado a respeito das minhas histórias. Não raras vezes, acabo partindo desses encontros com novas ideias na cabeça.
Como você vê o futuro do público leitor?
Os leitores de hoje não são os mesmos leitores de ontem. O mundo é outro, com novos problemas, novas tecnologias, novos jeitos de pensar. Hoje, o adolescente é ligado em várias coisas ao mesmo tempo, tem informações vindas de todas as partes, e acredito que o livro também precisa ter algumas características que venham ao encontro do que ele busca. Sempre que vou escrever um livro penso: contar uma boa história é importante, mas a maneira como contá-la é essencial para chamar a atenção do leitor, prendê-lo do começo ao fim. O livro concorre com outras atividades muito atrativas para o adolescente, tão acostumado às novidades virtuais. Acima de tudo, ele precisa ter vontade de continuar a leitura e não largá-la algumas páginas depois do início. É um desafio que me coloco a cada nova história. Algumas mudanças ainda devem ocorrer no futuro, em relação à vinda do livro digital. Mas por tudo o que ela é, por tudo o que ela traz, a leitura sempre, sempre fará parte da vida de uma pessoa.
Um dos temas que, infelizmente, ganhou espaço nos últimos anos virou inspiração para uma grande obra, Perseguição, que retrata o bullying escolar. Como surgiu esse tema?
Todos os temas surgem porque de alguma forma mexeram com a minha emoção e sensibilidade. Leio, observo, sinto. Falar sobre certos assuntos é também um meio de protestar contra o que há de errado e injusto. Há alguns anos, durante uma palestra, ouvi de uma professora a sugestão desse tema. Então, comecei a ler para entender um pouco mais sobre a dinâmica que envolve o bullying. Enquanto me aprofundava no assunto, Malu e Leo iam nascendo, tornando-se muito mais do que personagens para mim. Pela resposta que tenho recebido, vejo que os leitores também sentem assim. Malu e Leo são espelhos das pessoas que já passaram e ainda passam pelas situações de violência, humilhação, exclusão. E nos fazem pensar.
Qual a importância do incentivo à leitura?
O incentivo à leitura, tanto na escola quanto em casa, é fundamental para que crianças e adolescentes se tornem adultos leitores. Não há como tornar-se um leitor maduro sem esse estímulo desde a infância, antes mesmo da idade escolar. Os pais são os primeiros motivadores. A leitura leva a pessoa a pensar melhor, a expressar-se com clareza, a verbalizar os sentimentos, a criar situações e a vivenciar experiências que, certamente, trará para sua vida pessoal. Quantos e-mails recebo de leitores dizendo que este ou aquele livro ajudou-os a refletir sobre seus sentimentos ou atitudes? Que também tinham passado pela mesma situação, que a personagem era incrível e como se sentiram da mesma maneira? “Eu me vi na história”, eles dizem. A literatura tem esse poder maravilhoso de transformar, de enriquecer com novas experiências e proporcionar um maior entendimento sobre nós mesmos. Quando lemos, compreendemos melhor a vida.
Palavras do autor (um recado para os leitores / professores).
Quase sempre, nas escolas que visito, surge um leitor me contando que também escreve. “Verdade?”, eu pergunto. “E o que você escreve?” As respostas variam. Alguns escrevem poemas; outros, histórias de aventura, terror, romance… e por aí vai. Um dia, eu ouvi de um garoto: “Estou em dúvida se quero ser escritor ou ator”. Eu disse: “Quem sabe também um diretor de teatro? Pensou, você escrevendo suas próprias peças?” Ele fez uma cara de quem pensou: “É, pode ser…”. Às vezes, ninguém fala nada. Mas eu vejo. Os olhos brilhando de quem gosta de escrever. Conheço esse olhar. Então, puxo conversa, conto coisas, incentivo. Talvez o meu papel nesses encontros seja esse também: colocar no outro a confiança de que ele pode ser tudo o que quiser. O que sonhar.
www.taniamartinelli.blogspot.com
Tânia querida, parabéns pela entrevista!
ResponderExcluirUm beijo!